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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Alpiarça perdeu um grande filho





Álvaro Favas Brasileiro
Filho de camponeses pobres, Álvaro Favas Brasileiro nasceu em Alpiarça, a 2 de Março de 1935.
Aos 2 anos de idade fica sem pai.

Frequentou a escola primária Visconde Barroso, onde fez a 4ª classe com distinção.
Com a saída da escola, entra nos duros trabalhos do campo.

Aos 15 anos assiste ao assassinato do jovem Alfredo Lima, durante uma concentração de trabalhadores agrícolas da Alpiarça.

Com 16 anos, adere ao M.U.D. juvenil, cuja primeira reunião em que participa se realiza na casa do Sr. Joaquim Pratas (Joaquim Zaragata).

Prestou serviço militar no Quartel de Lanceiros 2, na Calçada da Ajuda em Lisboa. Na sua caderneta militar consta um Louvor.

Em 1958, faz a sua primeira seara de melão, nos campos de Valada do Ribatejo. Aí, conhece um funcionário do Partido Comunista Português na clandestinidade, sendo através dele que se dá o seu primeiro contacto com o Partido.

Neste mesmo ano, faz parte da Comissão de Apoio à candidatura do General Humberto Delgado.
Em 1961, é obrigado a fugir da sua terra, para não ser preso, por motivos políticos.

Em 1963, é preso pela GNR de Alpiarça e levado para o Aljube, e mais tarde ainda para Caxias.
É julgado no tribunal Plenário da Boa Hora, onde é condenado a dezasseis meses de prisão correccional e a cinco anos de perda de direitos políticos.

Depois da sua saída da prisão, é novamente chamado para tarefas políticas. Assim, em 1969 faz parte da Comissão de Apoio à campanha eleitoral do MDP - CDE.

No final dos anos sessenta, princípio dos anos setenta, ajuda a formar e a organizar as comissões de defesa dos seareiros de melão e de tomate, nos campos do vale do Tejo.
Em 1972 faz parte da Comissão Nacional do Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro.

Ainda em 1972 é um dos fundadores e membro director da primeira Associação de Produtores de melão, em Vila Franca de Xira.

Em 1973 é candidato pelo distrito de Santarém, integrado nas listas do Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP-CDE) para a Assembleia Nacional.

No final da campanha, é obrigado a fugir novamente, para não voltar a ser preso.

Fez parte de muitas comissões de luta, nas praças de jorna da sua terra e esteve ligado a diversas lutas dos operários agrícolas do Ribatejo e Alentejo.

Com o 25 de Abril, através do Movimento das Forças Armadas, foi chamado a integrar a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Alpiarça.

Foi um dos fundadores e membro director da Cooperativa de Produção Agrícola “Mouchão do Inglês”.

Sai da Cooperativa para fazer parte da Direcção do Sindicato dos Operários Agrícolas do distrito de Santarém.

Na Comissão Nacional do Plano, representou, durante muito tempo, o sector cooperativo.

Em 1979, é candidato e eleito deputado do PCP na Assembleia da República.

Como deputado, eleito pelo distrito de Santarém, na I, II, III, IV e V Legislatura, exerceu funções de Secretário, Vice-presidente e Presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas, na Assembleia da Republica.

Fez parte do Secretariado do Grupo Parlamentar do PCP e pertenceu durante vários anos à Comissão de Agricultura junto do Comité Central do PCP.

Como deputado fez parte de várias delegações da Assembleia da República ao estrangeiro (Hungria, Palma de Maiorca – Espanha, Áustria).

Em representação do PCP, foi responsável por delegações à Bulgária e à Checoslováquia.

Entre as intervenções e requerimentos que apresentou na Assembleia da República, constam entre outras o aproveitamento rodoviário da ponte D. Amélia, entre Muge e Porto de Muge, a ponte de Benavente, o desassoreamento do rio Tejo, a Casa Museu dos Patudos.

Integrou durante vários anos a Direcção da Organização Regional de Santarém e a Comissão Concelhia de Alpiarça do PCP.

Depois da sua saída da Assembleia da República, em 1991, continuou a trabalhar, mais ligado à sua terra. Presidente da Assembleia-geral da Coopvinhal, Adega Cooperativa de Alpiarça, presidente da Assembleia-geral da Associação “ Cantinho do Idoso”, Vice-presidente da Assembleia-geral da “Associação de Amigos da Casa Museu dos Patudos”, sendo sócio fundador destas duas associações. Foi membro da Assembleia Municipal de Alpiarça durante vários mandatos.

O corpo encontra-se em câmara ardente na casa mortuária de Alpiarça e o funeral realiza-se hoje a partir das 17 horas.
«Por: Octávio Augusto, membro do Comité Central do Partido Comunista Português»

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