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terça-feira, 19 de maio de 2009

Armando Ferreira fez a escultura de José Saramago que vai ser colocada na Azinhaga

José Rodrigues apresentou obra, mas promotores não gostaram e escolheram Armando Ferreira

A escultura de José Saramago a edificar na Azinhaga, terra natal do Nobel, já não será da autoria do escultor José Rodrigues, mas sim de Armando Ferreira, nome menos conhecido, mas cujo projecto obteve a aprovação da comissão promotora.

A escultura que irá perpetuar a obra de José Saramago na terra que o viu nascer, Azinhaga, afinal já não será esculpida por José Rodrigues. A comissão promotora do monumento mostrou-se insatisfeita ao ver a obra em barro, garantindo não ver nela o retrato do Nobel da Literatura.

Os organizadores insistiram para que o escultor fizesse alguns reparos, por exemplo, nos olhos e no nariz. José Rodrigues tentou, mas, mesmo assim, o trabalho final não agradou à comissão promotora, o que levou o escultor, irritado, a destruir a peça.

Entretanto, a comissão e a Junta de Freguesia da Azinhaga decidiram regressar ao ateliê de Armando Ferreira, em Alpiarça, escultor que, segundo o JN apurou, terá sido "a primeira escolha". A este, terá sido solicitada, há mais de um ano, uma proposta de escultura de Saramago, projecto concretizado, mas tratando-se de uma figura em pé. Agora, mediante o sucedido com José Rodrigues, foi pedida de novo a Armando Ferreira uma escultura a Saramago sentado.

O pedido foi concretizado e tanto os elementos da comissão promotora como o próprio Saramago gostaram do que viram. Depois do "sim", a peça encontra-se já na fundição para ser executada a tempo de ser inaugurada, na presença de Saramago, no final deste mês.

De acordo com José Rodrigues, este foi um triste episódio que aconteceu na sua carreira. O artista encarou o convite, tanto pela comissão organizadora como por Saramago, como "uma honra" e, como tal, entregou-se ao projecto.

"Encontrei-me com Saramago e fiz-lhe, na altura, um esquisso da escultura e depois trabalhei-a intensamente no ateliê. Ora, julgo que captei o essencial do carácter e da dignidade do Nobel", acrescentou José Rodrigues.

"Esculpi, naturalmente de acordo com a minha linguagem, o meu estilo e, portanto, admito que não seja um retrato fiel, mas na essência era o Saramago. Não sou, nem quero ser, retratista", esclareceu.

José Rodrigues assume que lhe foram feitas solicitações para a mudança de pormenores, mas garante que "só fui até onde entendi que devia ir. Não venham dizer-me para dar um jeitinho aqui ou ali e isto e mais aquilo. Como não estavam satisfeitos, achei que o melhor era destruir a peça e assim fiz. Desisti , paciência, tenho pena, até porque sou amigo de Saramago, mas não podem pedir-me, porque não aceito, para me desviar do meu estilo", sublinhou.

Apanhado no meio da confusão, Armando Ferreira é o autor da obra que se propõe perpetuar a memória de Saramago.

Aquele escultor com ateliê em Alpiarça apresentou um projecto há mais de um ano, mas não voltou a ser contactado, levando-o a pensar que a comissão organizadora teria desistido. Agora, um ano depois, Armando Ferreira volta a ser o escolhido e desta vez irá apresentar "um Saramago em tamanho natural, sentado num banco, com um livro nas mãos".

Armando Ferreira confessa estar bastante orgulhoso pela escola, mas admite que, "se soubesse o que se tinha passado com José Rodrigues, provavelmente não aceitaria o trabalho. José Rodrigues é uma sumidade na Escultura e julgo que a comissão falhou ao convidá-lo, tendo em conta que, afinal, o que queriam era um retrato fiel".

«JN»

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