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sábado, 27 de junho de 2009

Um não título ou a “cegueira iluminada”?

Artigo de Opinião
Por: Édio Martins

Como democrata e socialista, muito me alegro com a eventual existência de três candidatos, já anunciados, à “luta” pelo poder autárquico em Alpiarça. Este facto permitirá, a confirmar-se, que larguíssimo espectro da realidade sócio‑política do Concelho se veja representada, o que poderá significar o aumento da participação cívica e um mais pleno exercício de cidadania, limitando a abstenção, mas também trará maior legitimidade dos que, por “força” dos votos, assumirem os destinos de Alpiarça nos próximos anos. Se assim for, Alpiarça já ganhou!
Também muito me agrada a existência de opinião e, mais ainda, de artigos de opinião partilhados “com os outros”, que sempre indiciam ganhos na maturidade da nossa vida colectiva e reforçam, necessariamente, a liberdade e a democracia, pilares insubstituíveis numa sociedade que se quer justa, solidária e moderna. O direito de opinião deve ser sempre entendido como a última fronteira que todos os democratas devem permanentemente explorar, sem temores, mesmo que muitas vezes nos possamos sentir pioneiros em “terra estranha”. Felicito, por isso, o artigo de A. C. “América Cravo possui todas as condições para derrotar Sónia Sanfona”.
Da leitura do referido artigo de opinião encontro uma grande semelhança do mesmo com algumas das charadas mais comuns como “onde está o Wally” ou “encontre as diferenças” e outras que sempre servem para ocupar os tempos “mortos” nos cabeleireiros, consultórios médicos, etc..
E digo isto porquê? Leia-se o Título e depois o Artigo. A ideia que me fica é que deve ter havido uma troca, um lapso, pois o Título e o Artigo não são “uva do mesmo cacho”. Veja-se “… derrotar Sónia Sanfona”, quando em todo o artigo a vitória (logo a derrota) é associada à CDU/Mário Pereira e não à eventual candidatura da América Cravo. É o que se costuma dizer “não bate a gota com a perdigota”… e nem vale a pena acrescentar mais nada! Digamos que é um bom exercício de Não Título!
Quanto à opinião manifestada, bem enfocada num esforço de propaganda, à boa maneira dos clássico do marketing e da publicidade, quase se resume na identificação da eventual candidata do PSD/CDS com “a acertividade”… a “candidata certa”… o “lugar certo”… “altura e hora certa”… é uma espécie … de tripla no totobola … Facilmente se adivinham as palavras de ordem para a campanha eleitoral, por exemplo uma ajuda (grátis, claro) ”acerte na Cravo e também na ferradura”. Deixo ao gosto de cada um se Cravo é para a CDU ou fica-se pela ferradura…. Trocando por miúdos, o que se fica a perceber pelo artigo é que esta eventual candidatura tem de facto um objectivo: não vai lutar para ganhar e assumir responsabilidades na autarquia mas, tão só, “alisar” as possibilidades do candidato da CDU e “chegar”ao poder pela frecha da porta! Facilmente se percebe uma aliança potencial entre os comunistas e a direita para derrotar Sónia Sanfona. Muitas vezes, essas estratégias assentes em encapotadas alianças de circunstâncias “ajudam” o terceiro candidato – a Sónia – e, isso sim, é que pode “baralhar o jogo”.
Bom seria que, antes de “desestabilizar as regras do jogo e de baralhar as cartas”, se soubessem com que carta a própria América vai a jogo? Cartas fortes? Ou duques e cartas furadas? Uma coisa parece-me certa onde e quando foi partilhado “conhece profundamente os problemas de Alpiarça”? O que já escreveu ou publicamente assumiu a América sobre Alpiarça? E dizer que a América é a “sintonia da voz dos alpiarcenses”, onde e como é que já se viu essa sintonização?
Não sou contra a chegada de mais e empenhados cidadãos à vida política, antes pelo contrário, mas ser-se candidata(o) à Presidência da Câmara não pode, não deve, ser um capricho pessoal ou de grupo, mas uma decisão assente não só em vontades e em convicções, mas também em conhecimentos, em competências. Não basta dizer-se que se tem atitude é necessário saber-se “exercê-la” no quotidiano de um cargo que considero “chave” na democracia e no desenvolvimento do país.
Sejamos claros, a Sónia não conhece Alpiarça? É por se falar muito e sobre tudo e sobre nada, que se tem “estratégia”? Em vez de se querer “empurrar” a Sónia para os “cantos” menos simpáticos no discurso popular “… é vaidosa”, etc., porque não dizer que Alpiarça se sente orgulhosa de ter uma “filha sua” entre aqueles que defendem a sua Terra, defendendo e abraçando causas que antes de mais são nacionais? Não será a Sónia “lutadora, ambiciosa, persistente…" com o particular de já ter chegado onde poucos chegam (o que a muitos tem desgostado… paciência!).
Não é fácil ser-se candidato da mesma área do poder cessante, num contexto combinado de crise e de recessão, que obrigará o poder local a repensar toda a sua lógica de acção, ao mesmo tempo que se terá de demarcar das más práticas que encontraram terreno fértil em repetidos mandatos, onde “os usos e os abusam” em nada abonam o que de essencial deve existir na integridade da pessoa, do cidadão e muito mais dos líderes.
Vejo na Sónia uma força que é própria dos decididos (e não dos iluminados), que procura ter os pés assentes no chão, que consegue olhar o todo e distinguir a parte, tem carisma, é afirmativa mesmo tendo muito para andar, para aprender… Tem se feito política, fazendo e não se perdendo em “faladuras” a mais das vezes estéreis. Penso mesmo que, se os alpiarcenses o quiserem, pode fazer escola, pode virar a página e iniciar um renovado ciclo de desenvolvimento, de progresso e, sobretudo, de vida para Alpiarça!
E, voltando ao “jogo”, os dados começam a estar lançados. Alpiarça tem candidatos jovens, é verdade com diferentes envolvimentos com a causa pública, com a política. Ficamos à espera das ideias, do debate, com a necessária serenidade e elevação. Vamos mostrar que somos capazes e evitar as “cegueiras iluminadas”.
Um abraço amigo a todos os que se dispuserem a abraçar a causa pública, em democracia e em liberdade, colocando os interesses da comunidade acima dos seus próprios interesses.
Édio Martins

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabens...excelente texto na continuação daquilo que eu tinha escrito num outro post, em que o titulo era a antitese do texto.
Textos como estes, são na verdade peças que se podem discutir de uma maneira saudável.
Efectivamente, pela maioria dos post's parece que a jovem candidata pelo PS, só agora apareceu em Alpiarça...não, ela é uma excelente filha da nossa terra, inclusivé ainda na semana passada o 'Expresso' a ela se referia, publicitando o nome da nossa terra.
Tal como o autor do post, fico muito, mas mesmo muito contente que a nossa terra produza jovens, como os que agora se perfilam para as eleições, sinal que afinal Alpiarça pode ter esperança no seu futuro, porque os seus jovens estão prontos para enfrentarem os desafios de desenvolvimento da nossa terra

Anónimo disse...

Não duvido em absoluto que o Dr. Édio Martins é um democrata. Aparece a defender e bem a Drª Sónia Sanfona, como apareceu a defender a Drª Isabel Coelho quando foi preciso. Só gostava que explicasse aos Alpiarcenses porque é que também defendeu tanto e deu a cara pelo Dr. Rosa do Céu nas últimas eleições, contra a posição do PS em relação à inclusão da Drª Vanda Nunes na lista, pois, sendo socialista, ter-lhe-ia ficado melhor assumir a posição do partido e não do Alpiarça é a Razão. Nessa altura também devia ter apoiado a candidatura da Drª Sónia para a Concelhia mas não, pôs-se ao lado do Dr. Rosa do Céu que impôs o Pedro Gaspar. Mais tarde saiu de cena por incompatibilidade com o Alpiarça é a Razão e agora vem defender a Drª Sónia como se nada se tivesse passado. É preciso ter memória sr. Dr. Édio Martins e o que o senhor devia fazer era pedir desculpa à Drª Sónia antes de aparecer como seu defensor tardio. São os actos que definem as pessoas e o senhor Dr. como democrata e socialista, deve agir em conformidade, SEMPRE e não por impulso.