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sábado, 24 de abril de 2010

A Casa dos Patudos

Integrado no III Congresso dos Saberes, organizado pelo Colégio Rainha Dona Leonor das Caldas da Rainha, e tendo as comemorações dos 100 anos de República em Portugal por fundo, propus-me realizar uma sessão de divulgação do extraordinário património histórico e cultural legado por José Relvas à autarquia de Alpiarça e a todos os cidadãos.
Oportunidade para relembrar a importância que José Relvas desempenhou no triunfo da República Portuguesa, em 1910, a sua acção política, como membro do Directório do Partido Republicano, como declarante do triunfo da República no 5 de Outubro de 1910, como Ministro das Finanças do primeiro governo provisório republicano, como Senador eleito por Viseu, como Embaixador de Portugal em Espanha, como Primeiro-Ministro, em 1919, mas também como extraordinário gestor da sua Quinta dos Patudos e do seu Património fundiário e financeiro.
Tivemos a oportunidade de dedicar especial atenção à acção de José Relvas no campo da cultura e da arte. A sua paixão erudita pela Música, pelas belas artes e pelas artes decorativas; o seu relacionamento afectivo com os melhores artistas nacionais e estrangeiros (Bordalo Pinheiro, Malhoa, Columbano, Raul Lino, Sorolla), traduzido na construção de uma monumental colecção de arte, a qual foi legada à população de Alpiarça e, por conseguinte, ao nosso país.
A Casa dos Patudos é hoje uma Casa de Cultura laboratório da prática dos melhores valores republicanos, merecendo toda a nossa atenção, ocupando um lugar muito especial no espaço dos nossos afectos e dos referenciais conotados com as boas práticas republicanas.
No final da sessão ficou o desafio aos presentes para visitarem a Casa dos Patudos, por ser um dos mais belos e mais ricos museus portugueses, por ser uma casa portuguesa, concerteza, e por ser um dos mais notáveis e puros exemplos do ideal republicano português, o qual emana do legado de José Relvas.
BREVE CRONOLOGIA/JOSÉ RELVAS
Ano e Acontecimento
1858 (05 de Março) - Nasce na Golegã José Relvas.
1879 (21 de Novembro) - Nasce em Lisboa Raul Lino.
1882 05 de Fevereiro)- Casamento de José Relvas com Eugénia Antónia de Loureiro da Silva Mendes, filha dos viscondes de Loureiro, residentes em Viseu.
1875/77 - José Relvas frequenta o Curso de Direito, em Coimbra.
1880 - José Relvas conclui o curso de Letras, na Universidade de Lisboa.
1883 - Nascimento do primeiro filho de José Relvas. Teve três filhos, tendo todos falecido antes do falecimento de JR.
1887 - A mãe de José Relvas lega-lhe em testamento a Quinta dos Patudos.
1888 - José Relvas fixa-se na Quinta dos Patudos, em Alpiarça
1897 - Inicio da sua actividade como coleccionador de arte.
1900 - Visita a Exposição Universal de Paris, segundo JR a “Exposição do Século”.
1903 - Inicio da construção da “nova” Casa da quinta dos Patudos, segundo projecto do arquitecto Raul Lino.
1906(Fevereiro) - Alpiarça é elevada à categoria de Vila
1907 - Fundação da Adega Regional do Ribatejo, cujos estatutos foram redigidos por JR.
1908 - José Relvas preside ao Congresso do Partido Republicano realizado na cidade de Coimbra.
1909 - José Relvas é eleito para o Directório do Partido Republicano Português (tal como Teófilo Braga e Eusébio Leão), incumbidos de prepararem a revolução.
1910(Junho) - José Relvas faz parte da delegação que se desloca a Paris e Londres, em missão política preparatória da Revolução Republicana.
1910(5 de Outubro) - Proclama, juntamente com Eusébio Leão e outros republicanos, a instauração da República Portuguesa, a partir da varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
1910(Novembro) - José Relvas é nomeado Ministro das Finanças do Governo Provisório.
1911 - Iniciação de JR na loja maçónica “Acácia”, com o nome de “Beethoven”.
1911(Outubro) - José Relvas passa a viver em Madrid na qualidade de Embaixador de Portugal em Espanha, Ministro Plenipotenciário de Portugal.
1913 - José Relvas regressa a Portugal para ocupar o seu lugar de Senador, eleito pelo círculo de Viseu.
1914(02 de Abril) - Alpiarça torna-se sede de concelho autónomo, apenas com uma única freguesia.
1915 - José Relvas resigna ao cargo de Senador.
1919 - José Relvas desempenha o cargo de Primeiro-ministro, apenas durante dois meses.
1929(31 de Outubro) - José Relvas morre na sua Casa dos Patudos.
1929 - José Relvas lega em testamento a sua Quinta dos Patudos, e praticamente todos os seus bens, ao Município de Alpiarça.
1929 - Publicação da obra de Raul Lino, “A casa portuguesa “.
1960 - A Casa dos Patudos abre as suas portas ao público como Museu, por vontade e nas condições testamentárias definidas por José Relvas
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Por Nicolau Borges

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