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domingo, 16 de maio de 2010

UMA CAÇA ÀS BRUXAS NA POLÍTICA ALPIARCENSE

OPINIÃO
Por: Anabela Melão

Tentei fazer uma caldeirada com os temperos escalabitanos trazidos pelas várias personagens ao piquenique de Alpiarça.
Numa sopa de pedra oferecida a um político local, um leitor que reconhece a antisimpatia que nutre pelo outro usa o rosto encoberto (fará parte de alguma sociedade secreta? Olhe que já nem esses reúnem de face tapada!). Num português perspicaz e contundente, diz que não lhe acompanha o rumo do pensamento, por falta de inteligência. Confundirá inteligência com coerência (porque às vezes ser incoerente pode ser um sinal superior de inteligência). Não andar aos zig zages pode até significar tensão alta ou baixa, problemas de miopia, cardíacos e por aí fora, e nada ter a ver com coerência. Num exercício fustigador a lembrar a penitência, o leitor não se julga mais inteligente que ninguém. Desata a exemplificar com a Roma Antiga e a Grécia Filosófica, em que a ética foi tema predilecto de discussão, e lamenta que, por cá, não se pense nisso. Um mero olhar sintético e rápido bastar-lhe-ia para ver o sem número de comités, comissões e altas autoridades, compostos, claro está, por gente que tem ética aos molhes.

Remete para o botar faladura que pulula por esta terreola, das greves às paralisações, nas casas, nos cafés, em tertúlias, tudo para voltar ao princípio que é dizer que quando qualquer cidadão comum desempenha um cargo público exige-se-lhe que honre a sua ideologia e sua vertente de pensamento, para provar que os seus comparsas são definitiva e indubitavelmente melhores que os outros, e, que, portanto, escusado é procurar alternativa. Fico mais incomodada ainda quando o leitor se cita “a melhor forma de fazermos oposição é através da elaboração e apresentação de propostas construtivas e capazes de demonstrar de que “casta” somos nós feitos. “Casta”?!, mas qual “casta”: o sistema de castas (Varna) indiano, ou as castas dos belíssimos vinhos ribatejanos (?!). “Todos os homens nascem livres”, acontece é que uns se tornam mais livres que os outros.
Ultrapassando vitupérios demasiado violentos sobre os comportamentos seguidamente referidos, resta-me acreditar que estamos mais ou menos assim como perante, com o devido respeito aos próprios que o digo como graçola, o “último dos moicanos”. Não me sinto suficientemente lúcida nem conheço suficientemente os problemas dessa terra, e seguramente muito menos os escárnios e mal-dizeres, para apontar o dedo a quem quer que seja e dizer: Faltam-te princípios políticos e fidelidade partidária; Não deves apoiar a CDU; Arranja ideias próprias e apresenta propostas para sair deste status quo; Deixa de ser militante do PSD; passa a ser simpatizante da CDU. Para o cadafalso: Sai da Assembleia Municipal, dá o lugar outro candidato para ver se o PSD de Alpiarça consegue fazer alguma coisa para o bem de Alpiarça. Estás no lugar errado.

Lançou-se uma caça às bruxas, onde todos são caça e todos são bruxas.

Já se sabe que “casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”. Mas a discussão em política pressupõe a ética. E o que se passa em Alpiarça, malgré tout, há muito que perdeu esse tom mínimo de elegância, cavalheirismo e parcimónia.

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