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sábado, 27 de novembro de 2010

Depois de uma década de despesismo, dez anos de austeridade e empobrecimento


Por: Ramiro Marques

Passei hoje algumas horas a ver os noticiários da BBC, CNN, Sky e Fox News. A BBC e a CNN dedicaram ampla atenção à situação financeira na Irlanda e em Portugal. O assunto da greve geral em Portugal foi recorrente ao longo dos noticiários da BBC.
Os analistas internacionais são unânimes em duas coisas: Portugal vai ter de ser resgatado pelo FMI e pelo FEEF, tal como foi a Grécia e está a ser a Irlanda; vem aí uma década de sucessivos pacotes de austeridade e empobrecimento dos portugueses.
Falta saber, no entanto, se o empobrecimento vai tocar a todos os portugueses, tornando as medidas de austeridade menos penosas para cada um e mais aceitáveis para todos ou se os sacrificados serão apenas os professores, médicos e magistrados no activo, como está neste momento vergonhosamente a acontecer.
É que, se os cortes salariais não forem distribuídos por todos os portugueses, incluindo os aposentados com pensões elevadas, o pacote de austeridade não terá resultados palpáveis na redução do défice e da dívida pública.
Estou certo de que os portugueses serão capazes de aceitar cortes salariais e redução das prestações sociais caso verifiquem que não há excepções na distribuição dos sacrifícios.
Não é isso que está a acontecer. A aprovação, ontem, pelo Parlamento, de uma proposta que isenta de cortes salariais algumas empresas públicas, entre elas a CGD, é uma vergonha nacional e uma afronta inaceitável. E é a prova de que Portugal não consegue sair do atoleiro com a actual classe política, inteiramente corrupta e afastada da realidade.
Temo, por isso, que, por culpa da elite política, despesista, corrupta e incompetente, os planos de austeridade e o empobrecimento de alguns sectores da população portuguesa, sejam em vão e que, daqui a meia dúzia de anos, estejamos ainda a culpar os bancos e os credores internacionais pelos problemas que nós criámos e não sabemos resolver.