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terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Remunerações pagas ao Governo não são as adequadas"

O ministro da Saúde afirma que há um conjunto de interesses privados “fortíssimos” no sector mas diz-se “preparado” para a luta.
Paulo Macedo promete "alterações profundas" no sector da Saúde. Em entrevista à 'Visão', o ministro conta como vai cortar nas despesas e diz estar preparado para grandes lutas.
"Os cortes na despesa, infelizmente, vão afectar o dia-a-dia dos cidadãos e o que nós temos de garantir é que vão afectar o mínimo possível", afirma o antigo director-geral das contribuições e impostos.
Isto porque "o país não consegue continuar com o nível de despesa em que está sem aumentar a carga fiscal", sublinha, vincando que, apesar de não ser desejável, o aumento da carga fiscal "parece inevitável" no âmbito do esforço orçamental em curso.
O responsável adianta ainda que para eliminar desperdícios na área da Saúde vai proceder a uma redefinição da política do medicamento, reduzir os custos nos hospitais, as horas extraordinárias e os valores pagos a prestadores privados.
Quando questionado sobre um aumento dos custos para o utente, Macedo avança que "poderá haver um aumento das taxas moderadoras" e que "deverá haver alterações nas comparticipações dos medicamentos". No entanto, "os utentes de menores recursos continuarão a ser protegidos".
O ex-administrador do BCP compreende que vai encontrar resistências a estas alterações porque "há um conjunto de interesses claros - na Saúde, a despesa é pública mas a receita é privada -, de interesses privados fortíssimos" mas o que é necessário, explica, "é que esses intervenientes percebam que, ao mesmo tempo que têm de defender os seus interesses, têm de o fazer num enquadramento totalmente distinto e de desígnio nacional".
Aliás, foi este desígnio nacional que fez com que o antigo director-geral das contribuições e impostos prescindisse de 30 mil euros mensais na sua remuneração: "Ajustei-me ao enquadramento vigente. Como ministro, a lei prevê que o meu salário seja inferior", sublinha, acrescentando que "as remunerações pagas aos mais altos funcionários da Administração Pública e membros do Governo não são as adequadas e põem em perigo a possibilidade de se atrair as melhores pessoas".
«DE»

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