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sexta-feira, 26 de abril de 2013

O discurso do "25 de Abril" de Mário Santiago



Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal,
Senhoras e Senhores Deputados Municipais,
Senhora Presidente da Junta de Freguesia e Senhora Representante da Assembleia de Freguesia,
Senhoras e Senhores Vereadores,
Senhor Pároco de Alpiarça
Distintos Convidados,
Órgãos da Comunicação Social,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Obrigado por estarem aqui !
Esta sessão solene não teria a mesma importância sem a vossa presença. É principalmente por vocês que a Assembleia Municipal de Alpiarça, e todos os seus representantes, honram mais uma vez a população que os elegeu, ao abrigo da Constituição surgida após o 25 de Abril de 1974.
E mais do que os próprios acontecimentos que caracterizaram a revolução, sobejamente conhecidos pelos presentes, hoje celebra-se sobretudo a Liberdade.
Poderia mais uma vez vir enaltecer todos aqueles que de uma forma ou outra contribuíram para que a revolução dos cravos fosse uma realidade. Mas se o fizesse, com o tempo que demoraria o meu discurso, além de provavelmente vos fazer adormecer nas cadeiras, também não respeitaria aqueles que antes de mim, acederam ao meu pedido de não prolongarem o seu discurso além de aproximadamente 5 minutos de forma a não comprometerem o programa para esta noite.
E além disso, não poderia aproveitar esta oportunidade, a última que terei neste mandato autárquico, de expressar perante vós aquilo que eu entendo como LIBERDADE.
O 25 de Abril não pode continuar a ser uma data onde ano após ano, e por um dia relembramos os valores e conquistas de Abril, para nos 364 dias seguintes nos esquecermos do real significado dessas conquistas.
Depois de 1974, nunca tanto como actualmente, se questionaram essas mesmas conquistas e cada dia que passa tem sido um teste à nossa resistência, à nossa soberania, aos nossos anseios. E nunca em tão pouco tempo, nos têm sido subtraídos tantos direitos, garantias e liberdades.
E se todos nós temos a percepção mais ou menos consciente do papel perverso que a Globalização e o Sistema Monetário Mundial tem tido na nossa sociedade e na preservação das liberdades individuais do ser humano, também não nos podemos esquecer daquilo que não temos feito para preservar esses mesmos valores.
A Politica Local também tem um papel fundamental na afirmação da identidade de um povo, nas várias regiões, municípios e freguesias de Portugal.
Quantas vezes criticamos severamente os nossos governantes do Poder Central, quando nós próprios, autarcas, nos esquecemos de dar o exemplo?
Se a democracia representativa confere aos representantes do povo a legitimidade para que estes tomem decisões em nome da população, não podem esses representantes por sua vez usarem o poder de forma abusiva, interrompendo esse abuso oportunamente de 4 em 4 anos, como se a democracia fosse um regime soluçante e que só servisse para conquistar o voto e logo de imediato esquecer a confiança depositada na urna de voto.
No ano passado por esta mesma altura, expressei aqui neste palco e perante VÓS que defender os ideais de Abril, não assenta apenas na comemoração do aniversário da revolução.
Defender os ideais de Abril é também honrá-los no relacionamente com os seus pares e os seus eleitos.
Não são as pessoas e os eleitos que devem servir os partidos políticos. Devem sim, ser os partidos políticos a servirem as pessoas.
Por isso mesmo, quando os partidos políticos não respeitam a divergência de opinião interna, quando não respeitam a opinião individual, quando não estão dispostos ao diálogo, quando colocam um suposto colectivo interno acima dos interesses da população que os elegeu, estão a demonstrar que afinal não são muito melhores daqueles que agora por esta altura do ano, são criticados pelas atrocidades e ofensas às LIBERDADES antes de 1974.
O Estado Novo desrespeitou a LIBERDADE durante meio século. Mas quando nós, em Democracia, só respeitamos essa Liberdade no final do mês de Abril de cada ano e de 4 em 4 anos, então não somos dignos de falar da revolução dos cravos e do seu verdadeiro significado. 
Respeitar a Liberdade:
  • É ouvir a opinião de cada um;
  • É saber argumentar;
  • É estar disposto a ceder e a assumir que errou;
  • É saber pedir desculpa;
  • É colocar os princípios ideológicos ao serviço das pessoas e não o contrário;
  • É saber discutir diferentes opiniões, tendo sempre como objectivo, os interesses da população;
Relembremos ainda algumas das conquistas de Abril
  • Serviço Nacional de Saúde
  • Os Direitos Laborais
  • O Direito à Justiça
  • O Poder Local
  • A Liberdade de Expressão

Sim, a Liberdade de Expressão. Essa mesma liberdade que me permite estar aqui neste palco, sem receio de ser preso, torturado ou somente censurado.
A Liberdade de Expressão que nestes 4 anos sempre caracterizou a minha intervenção politica, de forma séria, construtiva, e sempre, mas sempre, defendendo a população que me elegeu como seu representante.

Aos meus companheiros, aqueles que de forma exemplar e legitima, souberam respeitar os valores do companheirismo, da partilha, da livre discussão e tolerância, os meus agradecimentos por 4 anos de aprendizagem ao vosso lado e ao serviço da população.
A aqueles que desenvolvi relações de amizade, antes inexistentes, expresso a alegria e gratidão por terem enriquecido o meu grupo de amigos.
Aos que mesmo estando do outro lado do debate politico, e que souberam cultivar uma postura de elevação perante este órgão e principalmente aqueles que souberam representar a população que neles confiou, a certeza que a democracia continuará a sair enriquecida com a disputa de ideias, dentro e fora da sala da Assembleia Municipal.
Aos outros, espero apenas que consigam melhorar como seres humanos e como políticos, porque um bom político necessita de obrigatoriamente ser um bom ser humano, mas um bom ser humano não precisa de ser político.  

Minhas Senhoras e Meus Senhores
Este é também um momento de homenagem.
Este ano fechamos um ciclo de homenagens por aqueles que de uma forma relevante lutaram para que as conquistas de Abril, que têm sido actualmente tão maltratadas pelos nossos representantes políticos, sejam ainda uma realidade.

*** Ao Dr. Herminio Duarte Paciência
*** Ao Clube Desportivo ‘Os Águias’
*** À Sociedade Filarmónica Alpiarcense ‘1º de Dezembro’
Devo os meus agradecimentos e sinto-me honrado, de na qualidade de Presidente da Assembleia Municipal, o órgão máximo do município, entregar as Medalhas da Liberdade aos seus representantes e familia, e associando-me assim à população de Alpiarça que reconhece uma vez mais a luta pela Liberdade destes ilustres alpiarcenses.

Permitam-me ainda antes de terminar este discurso, de vos contar uma pequena história:
Certamente que já alguém vos perguntou onde estavam quando se deu o 25 de Abril.
Anteontem, num jantar em casa do meu pai, perguntei-lhe onde estava eu no 25 de Abril e ele, após uma pausa típica de quem tenta recordar-se de algo que aconteceu há muito tempo, respondeu-me: «Não sei ao certo, filho, mas eu estava a trabalhar e a tua mãe também, e tu certamente que estavas na casa dos teus avós.»
Contínuo ainda sem saber onde estava ao certo no 25 de Abril, mas sei que até ter idade para ajudar os meus pais nos campos de Vila Franca, havia sempre alguém, os meus avós maternos ou a minha bisavó para ficar comigo.
Infelizmente nos dias de hoje, tenho quase a certeza que se os políticos não mudarem de postura perante o povo que os elegeu, que quando chegar a nossa vez e estivermos disponíveis para tomar conta dos nossos netos, o mais certo é que devido à falta de oportunidades na nossa terra, e a distância entre nós e os nossos filhos seja tal, que até isso nos seja negado.
Acreditem que está nas nossas mãos mudar, escolhendo os mais capazes e não aqueles que se refugiam por detrás de uma sigla partidária ou que não respeitam valores fundamentais. Pensem nas pessoas, não pensem nos partidos. A democracia permite-vos isso mesmo E ASSIM TALVEZ O 25 DE ABRIL CONTINUE A SER RECORDADO PELOS NOSSOS NETOS.
MUITO OBRIGADO A TODOS,
VIVA A LIBERDADE

8 comentários:

Anónimo disse...

Não percebo o problema deste discurso. Está com qualidade, limpo e sem falar em nomes.
O que me parece é que o PCP está de tal forma obcecado e ressabiado com o Santiago, que se está a esquecer quem são os verdadeiros adversários para as próximas eleições.
Este é o verdadeiro problema de um partido como o PCP. Não está habituado a que lhe façam frente. Porque se o Santiago fosse militante, já o tinham expulso do partido porque pessoas que pensam pela sua cabeça não são bem vindas.
Assim têm que o ouvir dizer as verdades que não gostam de ouvir e calar porque ele é Independente e não deve vassalagem ao CONTROLEIRO.
Mas como a obsessão é tanta que estão mais preocupados com o Santiago do que com o Cunha ou o Gaspar.
Enquanto o PCP andar nesta estratégia, o PS e o Cunha agradecem e lá vão recolhendo mais uns votos.

Anónimo disse...

Um discurso igual à pessoa que o escreveu, do estilo "só eu é que estou bem". Se em 100 pessoas só uma é que acha que tem razão mesmo que todos os outros digam o contrário, temos tudo dito.
É uma sorte a CDU se livrar disto. O Xico ou o Gaspar que o recebam de braços abertos.

Anónimo disse...

A assembleia de hoje promete, consta que o Francisco Cunha, vai puxar as orelhas ao executivo e quando ele fala até "a barraca abana", como diz o povo. Com o Francisco Cunha de um lado e com o Mário Santiago do outro alguém vai chiar, vou lá estar.

Anónimo disse...

Mário Santiago és o maior, coragem e frontalidade, Xico Zé convida o Mário para a tua lista se queres ganhar. Eu voto nos dois.

Anónimo disse...

Parabens Mario....... Foi 4 anos de grandes vitorias contra aquele que se escondem atrás dos partidos. TU TENS DE CONTINUAR LIGADO A ALPIARAÇA E AO PODER LOCAL, OS ALPIARCENSES PRECISAM DE TI.

Anónimo disse...

Em Alpiarça os amigos da ONÇA estão calados, e por enquanto ainda não apresentaram candidatos. Deviam ler o que este fundador do BE disse:

Fernando Rosas "Governo é um cadáver adiado"
O historiador e fundador do Bloco de Esquerda, Fernando Rosas, defende em entrevista ao Jornal de Negócios, publicada na edição desta sexta-feira, que o actual Governo sustentado pela troika e pelo Presidente da República é “um cadáver adiado” que “dentro de pouco tempo” vai cair. Quanto à crise, o professor catedrático considera que a “solução do País” está numa “coligação das esquerdas”.
Agora que o Cunha das cunhas está apoiado pelos partidos da TROYKA e do governo, também é um cadaver adiado. Até Outubro e bons porcos no espeto na Quinta de S. João.

Anónimo disse...

Li agora o discurso do Mario Raul, e estava à espera de ver um ataque a A ou B.
Mas a verdade é que muitos camaradas dele enfiaram a carapuça. Porque será ?

Anónimo disse...

Comentador das 11.20 H

Graças a Deus que vocês foram enterrados em 1975, senão ainda andávamos de burro e tínhamos a KGB Portuguesa a actuar oficialmente, porque ele actua, ainda que de uma forma visível e clara, mas não formal.

Tristeza de espírito!!!