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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Intervenção de Paula Matias, da Bancada da CDU, na Tomada de Posse dos novos Autarcas



Exmºsr.  Presidente da Assembleia Municipal
Exmºsr. Presidente da Câmara Municipal
Exmos srs. Vereadores
Exmª.srª. Presidente da Junta de Freguesia
Exmºsr Presidente da Assembleia de Freguesia
Srs.  Deputados da Assembleia Municipal
Srs e Srªs Convidados
Boa tarde a todos
Quero, em nome da CDU, coligação composta pelo PCP, pelo Partido Ecologista “Os Verdes”, pela Associação Intervenção Democrática e por mais de 12 000 cidadãos sem filiação partidária que integraram as suas listas, começar por cumprimentar todos os eleitos que agora estão a terminar o seu mandato.
Cumprimentar de seguida todos os eleitos que irão iniciar as suas funções, na Assembleia Municipal, na Câmara Municipal e ainda na Junta e Assembleia de Freguesia, cuja  tomada de posse teve lugar na passada Sexta-feira.
Saudar os meus companheiros e camaradas da CDU e os eleitos das outras forças políticas, PS e PSD, aqui proporcionalmente representadas como resultado do sufrágio popular de 29 de Setembro.
A CDU venceu as eleições de forma clara e inequívoca.
Manteve a maioria absoluta na Câmara Municipal e reforçou as suas posições na Assembleia Municipal e na Assembleia de Freguesia, também com maioria absoluta.
E daqui têm obrigatoriamente que se tirar diversas ilações:
A CDU estava, há muito derrotada, destroçada e esmagada na Alpiarça virtual, em evidente contradição com a Alpiarça real, a Alpiarça da população, das pessoas e do Povo.
Povo esse que manifestou mais uma vez a sua identificação com a CDU, o seu projecto, as suas propostas, os seus candidatos, a sua conduta e que lhe renovou de forma clara a sua maioria.
Foi uma vitória do trabalho, da honestidade e da competência, manifestada ao longo do mandato.
Um mandato exercido em diálogo e colaboração com todos e todas as entidades: escolas, associações e colectividades, comerciantes e empresários, agricultores, forças de segurança, igreja, trabalhadores da autarquia.
Uma vitória sustentada numa campanha séria, sóbria, responsável.
Assente no contacto directo com as pessoas, sem promessas de emprego na Câmara ou fora dela, sem ameaças, sem calúnias, sem demagogias e populismos bacocos.
Uma campanha onde apenas oferecemos ideias, responsabilidade, realismo.
Onde não prometemos o que sabemos não poder cumprir, onde falámos verdade.
Falámos dos nossos erros, das nossas insuficiências, dos problemas que encontrámos e daqueles que iremos ter de enfrentar num mandato ainda mais difícil que o anterior.
Uma campanha onde respeitámos os adversários e as suas ideias.
Assim continuaremos a proceder no futuro.
Com respeito pelas pessoas, pelas suas ideias, pela diferença.
Sempre com a humildade de quem não se arroga em exclusivo detentor da verdade, da sabedoria, da inteligência, da visão única e iluminada.
Senhoras e Senhores:
Vivemos um momento particularmente delicado na vida do país com uma situação económica e social muitíssimo grave.
Estamos cada vez mais dependentes do estrangeiro, temos uma dívida impagável.
São sempre os mesmos a pagar a factura das opções erradas de sucessivos governos.
Assistimos a um verdadeiro roubo aos reformados e pensionistas, aos trabalhadores da Administração Pública, aos trabalhadores, aos pequenos e médios agricultores, empresários e comerciantes.
O capital financeiro, os especuladores, os grupos económicos, a banca, passam mais uma vez ao lado dos sacrifícios impostos ao nosso Povo. Os seus lucros aumentam.
Sobra-lhes a eles o que todos os dias nos é roubado.
Como se isto não bastasse, querem acabar com direitos conquistados, com o Serviço Nacional de Saúde, com a Escola Pública, com direitos sociais consagrados na Constituição. Querem encerrar a nossa Repartição de Finanças.
Encerram empresas todos os dias, cresce o desemprego, aumenta a miséria e a fome.
E o Poder Local Democrático também está ameaçado.
Ameaçado pelos sucessivos cortes nas verbas transferidas para as autarquias, pela crescente dependência do Poder central e pela transferência de competências das Câmaras para as Comunidades intermunicipais, por legislação cada vez mais bloqueadora da sua acção e da sua autonomia.
Entretanto são transferidas cada vez mais competências e responsabilidades para as Câmaras e Juntas de Freguesia, para além de terem de ser estas a procurar minorar os problemas sociais causados por estas políticas desastrosas.
Os próximos anos serão ainda mais difíceis para o Município de Alpiarça.
Temos consciência disso.
E é com base nessa realidade de que não nos sentimos minimamente responsáveis, que iremos exercer o nosso mandato.
Sabemos que a desastrosa situação em que o país se encontra e de que Alpiarça não pode fugir, será utilizada para manobras demagógicas e pouco sérias… Que em Alpiarça não criam empregos e a culpa é da Câmara… Que os empresários fogem de Alpiarça porque a Câmara é da CDU (a este propósito da CDU afoguentar os empresários, gostava de lembrar que a Câmara de Palmela sempre foi CDU e é aí que se situa o maior empreendimento privado do nosso país, a Auto Europa e não consta que estejam para ir embora por causa da Câmara CDU!)
Dirão ainda que cresce o desemprego e que se agravam os problemas sociais e de quem é a culpa? Da CDU!
Insistirão na ideia de que os partidos são todos iguais. Que o que está a dar é os independentes.
Discurso perigoso, pouco consistente e nada rigoroso.
Querem é tacho, acumulam empregos com ordenados na Assembleia Municipal, como já todos ouvimos e todos sabemos que aqui não há ordenados…Que têm reformas escandalosas, que recebem verbas do Orçamento de Estado… etc, etc…
Mas todos os que se servem desses argumentos nunca dizem quem aprovou tais mordomias e quem, sempre se lhe opôs na Assembleia da República e fora dela.
Perigoso porque se insere na linha anti-partidos que conduz inevitavelmente á ideia de que os partidos são os culpados de tudo, se assim é acabe-se com os partidos.
Mas que entidade os irá substituir? Como funciona a democracia sem partidos?
Pouco consistente e nada rigoroso porque faz passar a ideia de que quem concorre ou é filiado em partidos não é livre mas, se sair, se der o salto para outro partido, então, num passe de mágica, é independente e livre, tão livre como os passarinhos.
Independentes são aqueles que não dependem de ninguém para o exercício da sua actividade seja ela qual for, independentes são todos aqueles que pensam pela sua cabeça e que se batem pelas suas convicções.
Não quero finalizar sem endereçar uma palavra ao Professor Fernando Louro, na qualidade de Presidente da Assembleia Municipal.
Como sabem, em inúmeras circunstâncias tive de assumir esse cargo.
Representar a Assembleia e dirigir os trabalhos da Assembleia Municipal.
Esta Assembleia tem de ser respeitada e de se fazer respeitar enquanto órgão institucional. Tem um regimento que pode e deve sempre ser melhorado e tem regras.
E deve ser um exemplo no debate e confronto de ideias.
O público, ou seja o POVO, passou a ter o seu espaço neste fórum. Assim deve continuar.
Mas a Assembleia Municipal não é um Tribunal, não é o local para confrontação partidária, para a ofensa a quem foi eleito pelo Povo, para a avaliação das qualidades profissionais dos seus membros, para ajustes de contas pessoais e mesquinhos, para a amplificação de mentiras, mentirolas e calúnias.
A Assembleia Municipal não pode ser a plateia que falta a alguns para exprimirem os seus pontos de vista, alimentarem o seu ego e as suas vaidades e ambições pessoais.
Aqui devem discutir-se os problemas do concelho, deve fazer-se política no sentido nobre do termo, que não pode confundir-se com partidarização dum órgão Institucional.
Pela nossa parte daremos o nosso contributo para a elevação do debate e da discussão do que realmente interessa a Alpiarça e aos Alpiarcenses.

Muito obrigada.