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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Falta de água pode agravar-se, diz especialista

A gestão de água coloca problemas que podem agravar-se nas próximas décadas, principalmente na agricultura, energia ou ambiente, afirmou hoje o especialista Luís Veiga da Cunha que refere a possível necessidade de um sistema de governança mundial do recurso.
"Tudo isto é um sistema interligado que exige uma análise interdisciplinar, intersectorial e inter-regional e formas diferentes de olhar para estes problemas no futuro. As coisas podem complicar-se não daqui a mil anos ou 100 anos, mas nas próximas décadas", disse o coordenador do Gulbenkian Think Tank sobre a água e o futuro da humanidade.
Luís Veiga da Cunha falava à agência Lusa a propósito do livro "Água e o Futuro da Humanidade", resultado do trabalho dos 11 especialistas internacionais que integram o Think Tank e têm a tarefa de reflectir sobre o papel da água e o desafio que a sua disponibilidade e gestão colocam até 2050.
Para o especialista, "a tomada de consciência destes problemas é importante, mas também é necessário que se arranje qualquer sistema de governança da água a nível mundial, o que é extremamente difícil dadas as diferenças nacionais, de preocupações e interesses, que são muitas vezes contraditórios".
O livro, que será lançado na terça-feira, analisa vários aspectos das relações da água com sectores como a energia, agricultura, ambiente ou alterações climáticas, com o objectivo de avaliar em que medida este recurso pode vir a constituir um problema "muito condicionante" do desenvolvimento da actividade humana no futuro.
A água é um recurso natural que não é inesgotável, é duradouro, mas renovável apenas em proporções limitadas.
Com o crescimento da população, da actividade económica e o desenvolvimento dos países, sobretudo os emergentes, os consumos aumentam, não tanto os directos, relativos à alimentação e utilizações domésticas, mas mais os indirectos, relacionados com a utilização para a obtenção de produtos.
"Neste momento, já há irregularidades significativas na distribuição tanto da procura como das disponibilidades regionais de água", recorda.
"Diria que a agricultura e a energia são dois sectores muito importantes. Outro é o ambiente, [pois] a quantidade de água consumida e a sua qualidade tem muito a ver com a saúde dos ecossistemas e estes prestam à humanidade muitos serviços relacionados com a água", apontou Veiga da Cunha.
No entanto, a agricultura "é de longe" o sector mais consumidor e, em média, 70% do consumo de água mundial é relacionado com a obtenção de produtos agrícolas, chegando a 85 ou 90% em alguns países.
Para Veiga da Cunha, é um dos sectores a olhar com maior atenção para melhorar a eficiência, reduzindo os desperdícios.
"Desde o cultivo dos produtos até eles chegarem à nossa mesa, há desperdícios muito grandes que podem atingir valores quase da ordem de 50%", alertou.
O especialista falou ainda sobre as preocupações com as alterações climáticas que afectam de forma diferente várias regiões do globo e, em muitos casos, determinam uma diminuição da disponibilidade de água e um aumento da sua procura, sobretudo em regiões já actualmente mais desfavorecidas.
«Lusa/SOL»

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