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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Financial Times O "herói-surpresa" chamado Portugal


A recuperação portuguesa não passa despercebida e o Financial Times voltou a colocar os esforços ‘lusos’ nas bocas do mundo. Num artigo onde descreve o país como o “herói-surpresa da retoma na Zona Euro”, este jornal destaca o importante papel das exportações e do turismo na luta, que pode dizer-se conseguida, contra a crise.
Foram “três anos de austeridade castigadora e de profunda recessão” que, entre as mais variadas consequências, “impulsionaram um êxodo” agravado. Segundo o Financial Times, estima-se que, em Portugal, “cerca de 200 jovens licenciados e outro tipo de emigrantes saiam diariamente do país” e, para agravar a situação, “o duro programa de ajustamento deixou um rasto de devastação”, do qual “dezenas de milhares de pequenas empresas faliram, os salários e as pensões encolheram, as desigualdades agravaram-se e muitas vidas foram ‘enferrujaram’ devido ao desemprego de longa duração”. Mas nem isso afasta uma visão otimista de recuperação.
Portugal, “o herói-surpresa da retoma na Zona Euro”, como assim é retratado na publicação, viu no turismo e nas exportações o seu colete de salvação, embora ainda ténue. Os terminais de carga e os centros comerciais assumem-se como os locais anticrise, onde se espelha “um aspeto menos conhecido do penoso ajustamento económico que Portugal está a fazer”.
Numa publicação assinada pelo jornalista Peter Wise, é destacado “o crescimento homólogo de 1,6% no último trimestre de 2013”, que “superou qualquer outro membro da Zona Euro, incluindo a Alemanha”. O crescimento português, face ao trimestre anterior (0,5%), destaca, apenas foi ultrapassado pela Holanda e “arrasou as estimativas dos economistas, que apontavam para um aumento de apenas 0,1%”.
“As reformas estruturais profundas”, consequentes da crise da dívida soberana, colocam Portugal na categoria de “nova vedeta do crescimento na Zona Euro”, tal como Christian Schulz já o tinha dito. E se há males que vêm por bem, a crise é um deles, uma vez que, lê-se no texto do Financial Times, as dificuldades impulsionaram uma melhor competitividade a nível das exportações, setor que, mais tarde, se assumiu como fundamental para o crescimento económico.
Neste sentido, o jornal destaca não só as grandes massas enviadas pelo aeroporto da Portela como os produtos portugueses exportados para grandes nomes mundiais, como é o caso de “encomendas individuais a clientes de topo, como a realeza britânica, e a celebridades, como David Beckham e Madonna”. Além disso, o jornal destaca abertura no aeroporto de Lisboa de lojas à medida das carteiras ‘cheias’ dos turistas.
Numa espécie de livro de elogios, a publicação cita ainda o economista Ralph Solveen que classificou Portugal como “maior surpresa positiva na periferia do euro”, deixando para trás países como a vizinha Espanha, que ainda não conseguiu uma descida tão significativa do desemprego. Contudo, o ceticismo na recuperação total continua a dominar o pensamento dos portugueses e, para o jornal, muitos cidadãos “não têm grandes perspetivas de um alívio imediato das dificuldades que vivem”.
O dia de amanhã continua a ser uma incógnita e, quem sabe, aqueles que se viram obrigados a abandonar o país “poderão ser talvez os melhores juízes para avaliarem se as mudanças alcançadas valeram o preço a pagar”.
«NM»

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