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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Aos fornecedores e donos das casas dos outros

Por: Isabel Faria

"Acabei de enviar à EDP, à EPAL, à Galp, à Nos (esta última eu nunca tive o prazer de assinar nada com ela, mas fui informada que agora era cliente e quem sou eu para discutir e ser ouvida nestas coisas...), e, finalmente, ao Santander, o seguinte email. 

Caros fornecedores e donos da minha casa:

Eu sei que devia ter dinheiro para honrar os meus compromissos com V.Exas, mas este mês a coisa está particularmente complicada. Estava a fazer conta que o Ministério das Finanças e o Fisco me pagassem o dinheiro que eu lhes emprestei durante um ano inteiro (o que me roubaram sei que não me devolverão) e que está contabilizado e, supostamente, à espera de ser dada ordem de pagamento desde o dia 7 de maio, isto é, há quase 60 dias, e decidi pagar umas dividas (tento ser de boas contas eu, e as dividas não são para adiar, são para pagar, assim que presumimos ter folga financeira para isso) e fiz uma extravagancia, da qual me penitencio mas que agora já não posso anular: comprei um vestido que me custou 14 euros e, armada ao pingarelho, vesti-o logo e tirei a etiqueta...
Assim sendo, e para não entrar em incumprimento, solicito que enviem as facturas deste mês para uma destas moradas:

- Autoridade Tributária e Aduaneira
Rua do Comércio n.º 49
1149-017 LISBOA

- Ministério das Finanças
Avenida Infante D. Henrique, 1
1149-009 Lisboa 

Ou, em caso de não obterem resposta, directamente para Sua Exa. o Sr. Primeiro Ministro ou Sua Exa. o Sr. Presidente da República (favor ver morada no Google)..

Se isto tivesse acontecido há dois meses, e caso estivessem mesmo desesperados, poder-vos-ia aconselhar a contactar directamente qualquer um dos membros da Troika, mas isso agora já não faz sentido que eles já se foram embora.

Gostaria de salientar que o dinheiro que lhes emprestei é mais que suficiente para pagar todas as despesas deste mês e, caso consigam libertar a totalidade do montante que eles me devem, assim tipo em tempo decente de quem deve tem que pagar, ficar-vos-ei imensamente grata e no próximo mês, quando chegar a hora dos vossos pagamentos, poupar-vos-ei aos impropérios com que vos costumo brindar mental e mensalmente.

Com os meus melhores cumprimentos

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